Arte?!


A arte é a perene intenção de uma muralha da china em cada pedaço de muro pequeno, a arte é a tentativa de elevar o pequeno diante do infinito. A arte é o sangue, pele, couro,dedos e espirito. Arte é uma esfinge a ser derrotada. Arte é o devir e o dever. A arte é o apanágio, a pensão alimentícia que recebemos por causa do divórcio humano com tudo o que é ideal e perfeito.A arte é a perna coxa da perfeição e a maquilagem do imperfeito.Não há nada no Universo mais sublime e restaurador do que A ARTE.

Há hoje em dia e creio que sempre ouve, um intuito de banalização de arte por parte de alguns não poucos. Uma idéia arrivista, bruta e bárbara que pretende invadir as fronteiras. Vivemos em uma época em que consideram ARTE: o pop- popérrimo-paupérrimo, os enlatados, as novelas de televisão, as tendências tolas,os bocejos, os trampos de hippies com sementinhas, acreditam e panfletam ser isto Arte.Arte da forma como eu a compreendo vem a ser um pacote de inspiração, conceito e referências estéticas. A arte é o elo perdido entre a divina sintonia e o ruído,portanto a arte não é o ruído. Arte é o sintetizador qualitativo que transforma o rabisco em um material estético-conceitual, portanto a arte não é um rabisco.




Arte é uma idealização edificada de uma forma qualquer de expressão, portanto arte não são só arestas e arabescos. Tantos tentaram dizer sobre arte que eu me perco entre tantos que disseram sobre arte, vai toma no cubismo viu!!!!!.Mas eu continuo, eu gosto de dar vazão ao que sinto, por isso as vezes sinto que o que eu faço é arte.Pra mim, poesia é o fator determinante de qualquer segmento da arte. Tenho primos que desenham coisas como personagens do dragon ball z e copiam outros mais personagens de mangás num caderno de brochura. Isto é arte? Não! Tenho alguns conhecidos que me sugerem que coisas de menor qualidade do que os desenhos de meus primos SÃO sim arte com todas as letras. Será que todos fazemos arte? Não,embora todos temos a nossa poesia (alguns mais outros menos, em alguns casos nem chega a ser poesia, mas, sim mentira vital bruta e crua mesmo,puríssima ilusão de indulto perseverante...)MAS NEM TODOS FAZEMOS ARTE.”REALIDADE É MUITO TRISTE” E QUEM MUITO SENTE ISTO,FAZ ARTE, SAI PELA ELEVADOR DE SERVIÇO, E FAZ ARTE A PARTE ISSO.A arte está com seres aptos a canalizar a auto tensão de suas poesias vitais (sacra ou profana, grave ou suave,simples ou complexa)e que materializam esta intensidade sentida, dão forma, criam. Transmitem uma novidade criativa.Como se faz Arte?Não se constrói nada no vazio de mãos e intenção vazia, tudo são referências, escolas, movimentos , segmentos e coisas motivadas.O que são referências? Referência é um equilíbrio que não pretende cópia nem gagueira mental, intelectual, criativa, mas, que segue a linha, que torce a linha, que coloca a linha em buraco de agulhas próprias. Qual linha é a fundamental? Bom, não vamos elitizar os parâmetros, cada um acredita no que qé, um gosta de Benedita outros de José.Referências... é pena para alguns que o conhecimento catalogado da humanidade, que embora seja vasto, possa ser identificado, classificado e prescrito em receituário dos canonizados, eu acho isso o máximo.

O que é uma obra de arte pra mim? uma obra de arte pra mim é um aceno, obsceno ou casto, um aceno em que o mensageiro (artista) vos transmite uma impressão que já tens ou passará a ter por afinidade estética e poética, ou mesmo por entusiasmo obtido como resultado de uma impressão de novidade criativa.



As obras de arte que não acenam com minhas impressões são arte? Com certeza, mas como eu disse...prefiro não dizer... feeling, referências, Literatura com L maiúsculo,canonização, essas coisas são por demais verdadeiras e intensas para que eu gaste meu perdigoto digitado em rumo há uma panfletagem de padronização estética. Pois bem, pra concluir, eu defino três linhas de caracterização da arte: a arte do MAINSTREAM, que sempre existirá onde houver mídias que se inter relacionem culturalmente.O MAINSTREAM numa proporção quase que esmagadora tem o “dom” de apodrecer boa arte e enaltecer péssima arte.O MAINSTREAM emplaca, mas também empaca. A tevê,o rádio, a indústria fonográfica, cinematográfica, as galerias de arte, e até a internet hoje em dia tem esta capacidade de transformar como Midas coisas em ouro e ás vezes transformar como um Midas às avessas, as boas coisas em merdas. ARTE DE VERDADE x PRETENSA ARTE, é fácil identificar, acione seu feeling. O underground pra mim é a segunda via de segmento de padronização da arte, como observamos atualmente, este padrão segue numa linha contra-cultural,muitas vezes é ele quem alimenta o MAINSTREAM, ele se corrompe ou da o sentido real da coisa feita. Assim como certo poema de Charles Baudelaire, eu conheço pérolas raríssimas que estão enterradas muito no subsolo do underground, por isso é determinante sempre garimpar, garimpeiros conhecem o valor de jóias, joinha até aqui? NÃO...há um sintoma muito difundido no underground: é o de quem não é visto não é lembrado e pensa que neste rumo é o mais do mais verdadeiro. Quem não aparece é que é verdadeiro? Êpa manooo, calma lá! Que visão chiita e radical é esta talebamanos? Passa sua arte pra nós apreciarmos. O único que está morando em baixo das montanhas e sempre é lembrado é Osama Bin Laden.O terceiro padrão de arte vem a ser o padrão do que eu considero a minha arte,longe dos holofotes, do reconhecimento de academias, longe também do complexo chiita de ser underground e só transmitir minha arte pra ratos, ratazanas e baratas,eu simplesmente pretendo fazer jus as referências que sigo, no MAINSTREAM ou enterrado no UNDERGROUND, a minha arte (a nossa arte, a.m.e.m.o.s e a.m.a.m.o.s. arte, é por ela que vivemos mas não é dela que vivemos) é simplesmente um contato físico e espiritual com aquilo que criamos, porque é nisto que a A.M.E. acredita!



Texto: Bertim Rodrigues

Ilustra: Rafa B.A.